Entrevista Especial - Sérgio Biston


                                   Sérgio com um pijama que pertenceu a Elvis

Eu particularmente tenho o privilégio de conhecer muitas pessoas influentes em tudo aquilo que se refere a Elvis aqui no Brasil. E poucas delas possui a credibilidade de Sergio Biston, proprietário de um dos maiores e melhores sites sobre Elvis no Brasil, chamado Elvis Collectors Brasil.
 Nesta entrevista realizada pelo Fórum do site, você ficará impressionado como o mito Elvis Presley pode ser o único artista a ter fãs tão jovens e tão bem esclarecidos em relação a Elvis e tudo aquilo que o cerca.

  Elvis Blog - Como você se tornou fã de Elvis ?

 Sergio Biston - Descobri Elvis aos 7 anos de idade. Estavámos brincando no quintal quando ouvi Tutti-Frutti tocando do outro lado do muro, na casa de um vizinho e aquele som me chamou a atenção na hora. Perguntei para a menina quem era esse cantor e ela me disse: Elvis. Fui pra casa e perguntei à minha mãe quem era Elvis. Ela me explicou e eu perguntei se podia comprar um disco dele. Algum tempo depois fomos à loja de discos e lá a vendedora me mostrou dois: Elvis 10 Anos de Saudades e Elvis Now. A capa do Elvis Now me impactou na hora. Aquela era a primeira vez que eu via quem Elvis era e a imagem desse cara apontando para alguma coisa ,vestindo a roupa mais bacana que uma criança de 7 anos já tinha visto me marcou para sempre. Era como se Elvis fosse um herói de verdade. Escolhi o Now e levei para casa. Obviamente a música Tutti-Frutti não estava no disco, mas eu gostei de quase todas. Ali me tornei fã. Bob Dylan disse uma vez que ouvir Elvis pela primeira vez é como arrebentar as portas de uma prisão. Posso dizer que concordo. Aquela foi a primeira vez que qualquer tipo de música me interessou.

EB – Você é proprietário de um site que possui um Fórum de extremo respeito. O que você pode nos contar sobre ele?


SB - O site acabou de completar 7 anos nesse mês de Junho. Tem sido uma experiência fantástica e muito gratificante, mesmo que ás vezes trabalhosa . Acho que posso dizer que o objetivo maior de representar Elvis de uma maneira profissional e honesta, voltado para o público cujo interesse principal é sua obra e vida foi e é o fator principal do sucesso do site.
Sempre considerei o fórum um componente essencial do site. É nele que a outra parte vital acontece, a interação com aqueles que compartilham o mesmo interesse. O papel do fórum, além de aglutinar os interesses em comum que cada um tem por diferentes partes da vida e obra de Elvis, é também de possibilitar a cada um expressar as diferentes opiniões a respeito desse assunto.
O colecionismo Elvis é um hobby multifacetado e muitos tem interesses específicos dentro desse hobby, seja a época dos filmes, dos shows, sua obra de estúdio ou simplesmente sua imagem e o fórum é o lugar ideal para compartilhar essas particularidades. 


EB – Os bootlegs são de uma importância inestimável na carreira de qualquer artista. Você acha que o selo FTD, embora oficial mas que trabalha para o público que gosta de bootlegs, corresponde a grande exigência dos fãs do Elvis ?

SB - Os bootlegs terão sempre um lugar de honra no colecionismo Elvis. Surgidos numa época em que a gravadora oficial negligenciava completamente os fãs de Elvis, lançando compilações e mais compilações de material repetido, os bootlegers abriram as comportas para uma enxurrada de material inédito que nos permitiu apreciar diversos aspectos da obra de Elvis que de outra forma poderiam ficar esquecidos. Os bootlegers e seus lançamentos ilegais foram os pioneiros de um mercado que iria se solidificar de maneira oficial com a FTD.

Temos muita sorte de podermos contar com um selo oficial que nos abastece constantemente com material inédito, num ritmo que as vezes fica difícil de acompanhar, financeiramente falando. Nos últimos 10 anos de atividades, a FTD disponibilizou versões ao vivo raras, centenas de outtakes inéditos, uma ou outra música inédita, concertos importantes e livros muito interessantes. Ela preencheu com maestria o lugar deixado pelos bootlegers. Poucos fãs podem contar com esse apoio e material para seus artistas. Somos muito afortunados.


EB – Este material específico, FTD ou não, é de difícil acesso à maioria dos fãs, principalmente em relação a preço. O que você pensa sobre os downloads que são feitos ?

SB - Entendo que muitos não podem acompanhar o ritmo de lançamentos, principalmente porque além de caro, esse material está sempre atrelado ao dólar, por vezes dobrando ou quase dobrando o custo de aquisição. Para quem se vê impossibilitado de adquiri-los, os downloads ilegais representam a única forma de apreciar o material. Não cabe julgamento moral aqui. 

Mas é preciso entender que como praticamente tudo no mundo, CDs, DVD e livros são produtos comerciais que demandam investimento financeiro por parte de quem os produz. Se quem tem condições de adquirir o material original faz o download sem pagar nada, o dinheiro não entra para quem investiu na criação do produto e dessa forma inibe o lançamento de novos produtos.
Isso tem afetado o mercado como um todo. As gravadoras estão pagando cada vez menos por tapes inéditos já que as vendas são menores por causa dos downloads. Conseqüentemente o colecionador vê o seu material inédito valendo menos do que deveria e acaba perdendo o interesse de disponibilizá-lo. É uma situação que precisa mudar e a mudança tem que vir de ambas as partes, produtor e consumidor.


EB – E o que você acha que ainda pode ser lançado de impactante ?

SB - Quando se fala em material inédito, pensa-se logo de imediato em gravações musicais. É verdade que ainda existem surpresas guardadas, talvez não muitas, mas o suficiente para manter o interesse dos colecionadores. Little Mamma, um rumor persistente desde a morte de Elvis e que agora vai se concretizar pela FTD é exemplo disso. Ensaios feitos para as temporadas de Las Vegas entre 1969 e 1975 podem conter várias canções inéditas e versões raras e devem ser a principal fonte de material inédito nesse campo nos próximos anos. Ha uma boa quantidade de informações a cerca da existência de gravações desses ensaios e como podemos ver no próximo FTD From Hawaii To Las Vegas, cedo ou tarde elas devem aparecer. Gravações caseiras de momentos informais entre Elvis e seus vocalistas, como foi o caso de Let Me Be The One também devem ser consideradas.

Mas o que deve ser lembrado é a imensa quantidade de filmagens 8mm que está hoje de posse de fãs e colecionadores. Ernst Jorgensen já falou da existência de filmagens que surpreenderiam o fã.
A caixa The Final Curtain e a série Adrenaline e Behind The Image já mostraram o incrível potencial desse material quando submetido ao processo de restauração que a tecnologia de hoje permite e tem seu áudio devidamente sincronizado.
Uma das fontes mais abertas sobre esse material é Rex Martin, um fã que assitiu Elvis em várias ocasiões, o conheceu em sua suíte e filmou, segundo ele, muitos shows. É dele a sensacional filmagem de Kansas City em 74, que recentemente apareceu no DVD Elvis, The Beauty Queen & Me e From Kansas City to Sin City.


EB – Falando um pouco do Elvis On Tour, na sua opinião qual é a importância deste filme na carreira do Elvis ?

SB - É o registro do que foi o fenômeno Elvis ao vivo nos anos 70. Algo que That´s The Way It Is, mesmo com toda a glória das apresentações de Elvis, foi incapaz de capturar.

O fato de ter sido sua última aparição nos cinemas, ainda no auge, relevante e dinâmico fomentou para sempre a verdadeira imagem de Elvis nos anos 70.

EB – Como você analisa o fato de, depois de 35 anos do falecimento do Elvis, tudo em relação a ele ainda chamar tanto a atenção das pessoas ?

SB - Elvis é relevante. E causou impacto no consciente coletivo. É por isso que as pessoas continuam a se interessar por sua obra mesmo depois de tanto tempo. A revolução cultural e musical da qual foi a maior força propulsora na década de 50 vai para sempre assegurar seu lugar na cultura popular e na história.

O que Elvis fez nas décadas seguintes, será sempre motivo de discussão intelectual mas jamais poderá ser ignorado ou desprezado. Entre altos e baixos Elvis produziu material diversificado, numa gama de estilos dificilmente igualado por outro artista, Essa diversidade vai sempre interessar diferente públicos e perpetuar seu legado.


EB – Como você viu toda esta movimentação em relação ao mundo Elvis com o Brasil, tanto em termos da Elvis Experience como o Elvis The Concert ?

SB - O público de Elvis no Brasil há muito precisava disso. Não há dúvida que a melhoria da qualidade de vida no país e a situação econômica atual permitiram isso. A venda rápida dos ingressos dos shows, a preços exorbitantes, mostrou que Elvis tem no país um público numeroso e ávido.

Certamente mais eventos ligados diretamente à Elvis e sua obra deverão se repetir nos próximos anos, espero que à preços mais acessíveis e possibilidades de pagamento mais flexíveis.

Se você quiser saber tudo sobre a vida e obra de Elvis, acesse o site do Sergio e não se esqueça de fazer seu cadastro no Fórum: www.elvisbrasil.com.br

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